A Associação Francesa para a Informação Científica (Afis) foi constituída por um grupo de cientistas, dentre os quais diversos prêmios Nobel, para o enfrentamento das pseudociências e a difusão do conhecimento cientifico referenciado. A associação mantém diversas iniciativas, dentre as quais uma revista dedicada especialmente ao combate à pseudociência, “Science & Pseudo-sciences”, que já está em seu número 334!

Neste número de fim de ano, a revista traz diversas matérias, e entre elas está uma entrevista com o professor Nelio Bizzo, que é apresentado como um dos autores da recente publicação de artigo na revista americana Science, da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).

O tema da entrevista é justamente a especialidade do professor Bizzo, o ensino de evolução. As questões versam sobre a introdução do criacionismo na educação básica brasileira e a difusão do negacionismo científico no Brasil.

A entrevista é apresentada como sendo uma exploração do tema da laicidade na educação brasileira e o prof. Bizzo diz ter contado com a revisão do texto dos dois maiores especialistas no tema, os professores Carlos Roberto Jamil Cury e o Prof. Luiz Antonio Cunha.

A entrevista está à página 68 e foi conduzida por Arkan Simaaan, que é físico de formação e conhece bem o Brasil. Ele acrescenta um verbete à entrevista, dedicado a Olavo de Carvalho, que é pouco conhecido na França.

A entrevista tem início com questões que exploram o caráter laico do estado brasileiro, desde um ponto de vista histórico, com a influência dos positivistas na primeira constituição republicana brasileira, e de como essa determinação foi se afrouxando ao longo do século XX.

Em seguida, a pergunta se dirige ao criacionismo e à ameaça de sua introdução na educação compulsória brasileira, e são citados projetos de lei e a manifestação do presidente da CAPES, de janeiro de 2020 e a reação do núcleo de pesquisa dirigido pelo prof. Bizzo (vj no BLOG => http://bit.ly/3fOKuDE).

A entrevista caminha por temas do momento, discutindo o negacionismo científico “macabro” do governo brasileiro e as consequências para a saúde da população, citando a desastrosa gestão da saúde pública no Brasil. O prof. Bizzo expõe de maneira corajosa suas opiniões sobre a realidade atual brasileira e conclui com o editorial da revista The Lancet, que comenta o tenebroso “E daí?” pronunciado no “cercadinho” do palácio do Planalto. Termina repetindo sua frase: “Na tabela da História, o preço de hoje do silêncio é alto demais para o bolso de nossas consciências“, conclamando as pessoas – e a comunidade internacional- a se manifestarem.
O website da associação você encontra clicando aqui => http://bit.ly/3ptS1vt. O artigo completo da entrevista você encontra clicando aqui => Fausses_sciences_Nelio_BizzoSPS334oct-déc2020