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Abaixo abarece reproduzida a entrevista concedida a Eduardo Geraque, do Guia do Vestibular do Estadão. A questão central era se a BNCC vai implicar desinteresse nas matérias que deixaram de ser obrigatórias, ou se ao contrário, a política de cotas trouxe mais pressão sobre os alunos de escolas particulares. Obviamente, o vestibular tem papel central nessa questão. Candidatos a carrerias muito concorridas, como medicina, por exemplo, poderão ter apenas uma formação genérica em Biologia, Física e Química?
Veja a íntegra da entrevista, com foco num dos principais vestibulares do país, a FUVEST:
Uma das nossas reportagens é sobre o sistema de cotas raciais que será usado agora pela USP no processo de seleção dos novos alunos. Gostaria, se possível, obter um comentário seu sobre esta novidade. A medida é acertada? Qual o impacto ela vai ter no vestibular da USP?
Os inscritos optam por um grupo, dentre dois: Ampla Concorrência (AC) e oriundos de Escola Pública (EP). Dentro deste último grupo, haverá vagas reservadas para Pretos, Pardos e Indígenas (EP/PPI), a partir de autodeclaração, com comprovação posterior.
As vagas para essas cotas agora são reservadas, ou seja, haverá um número definido em cada curso, e a competição ocorre apenas dentro de cada subgrupo. As notas de corte serão diferentes para cada subgrupo, mas é grande a probabilidade de os cursos mais concorridos terem notas de corte muito mais altas para os egressos de escolas privadas, dentro do grupo AC. Essa tendência de aumento foi de certa forma contrabalanceada pelo fato de ter sido ampliado o número de convocados para a segunda fase. Cada vaga será disputada por quatro candidatos na segunda fase e não apenas por três. Assim, a nota de corte poderá ter aumento suavizado em relação a o que ocorreria se fosse mantido o critério anterior. Mesmo assim, haverá grande ansiedade para a convocação da segunda fase, que deverá sair em 10 de dezembro.
Ao mesmo tempo, a redução para dois dias na segunda fase, que deixa de lado conhecimentos gerais, e aumento do número de candidatos em disputa, aumenta a importância de domínio das disciplinas mais próximas da carreira escolhida. Assim, a competição na segunda fase entre os candidatos aos cursos de medicina, por exemplo, será muito grande em disciplinas como Biologia, o que exige certamente uma preparação mais aprofundada e atualizada por parte do estudante.
A mudança essencial recai na mudança de um bônus de nota para uma reserva efetiva de vagas, o que assegura que a USP poderá atingir o que determina a Constituição Estadual. A meu ver, a mudança é positiva nesse sentido, de respeito à lei. No entanto, o sistema de bônus tem demonstrado ser ineficaz por conta da queda da qualidade do ensino médio público, o que é lamentável. Os dados recentemente revelados comprovam o que (infelizmente) já se esperava, ou seja, o desempenho acadêmico de 2017 foi MENOR do que o obtido em 1997, antes da profunda mudança curricular implementada no ensino técnico.
Para a USP isso ampliará a necessidade de apoio acadêmico aos ingressantes, pois muitos estudantes não dominarão conceitos básicos e poderá haver aumento da evasão nos primeiros anos. É preciso adotar medidas não apenas para permitir o ingresso, mas também para garantir a conclusão do curso em tempo certo. Algumas unidades têm adotado medidas interessantes, que poderão ser generalizadas pela Pró-Reitoria de Graduação.
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